A procissão seguiu com o andor, primeiro em terra e depois pelo rio Joanes, em dez barcos, até a foz. Intercalando canções sagradas e profanas, a banda traduzia o caráter sincrético do festejo. “O que achei mais extraordinário foi ver tanta harmonia na união de dois cultos tão distintos: o cristão e o candomblé” – destacou a portuguesa Maria João, que acompanhava a festa pela primeira vez. O evento foi organizado pela colônia de pescadores de Buraquinho.
O presidente da colônia Jonas Tomaz dos Santos, o Touro, explicou que o padroeiro dos pescadores é São Pedro. No entanto, a tradição local acolheu São Francisco de Assis por influência de Garcia d’Ávila, que era devoto do santo. “Representa muita fé e, por isso, é um momento de muita alegria para nós” – definiu Touro.
Participante há mais de dez anos, o vice-prefeito João Oliveira (PT) deu sua prova de fé participando da missa e carregando o andor na procissão. “Representa a reverência do povo aos seus valores através da alegria, do amor e da união”, disse. A perpetuação do festejo se dá pela união das gerações. Crianças, adultos e idosos se envolvem na celebração passada de pais para filhos. Assim também é a banda que acompanha a procissão já há duas décadas, formada por avô, filhos e netos. “É uma prazer muito grande para nós poder participar. A gente vem de qualquer jeito. Deixamos para acertar o preço depois” – revela o saxofonista Moacir Santos.
Por Rogério Borges