O pré-candidato à prefeitura de Salvador nas eleições de 2016, deputado estadual Pastor Isidório, deve mudar de partido. A decisão sairá no próximo sábado (18), quando ocorre uma convenção do partido para decidir as candidaturas. O presidente da legenda, Eliel Santana, afirmou ao Bocão News, que a candidatura de Isidório não foi acordada com a direção da legenda. Segundo o parlamentar, o PSC passa por mudanças inconsistentes.
“O PSC é um partido cristão, mas está com problemas espirituais. Antes era da base do governador Jaques Wagner, apoiando Rui Costa. Fui buscado em casa para mudar de partido. Eu não queria, mas me convenceram. Depois resolveram apoiar Paulo Souto, pois disseram que iria vencer. Então, quem não pode ser punido sou eu. É uma situação constrangedora e até esdrúxula”, disse o pastor em entrevista à reportagem do Bocão News.
Segundo o parlamentar, sua vontade é ir para o PP, do vice-governador João Leão, mas há possibilidades de ingressar no PTN ou PR. “Estou conversando com João Leão (PP), com João Carlos Bacelar (PTN) e tem o PR, o PL de Marcelo Nilo. Mas o PP é que mais me agrada, preciso de um partido que tenha deputado federal e o vice-governador é meu amigo pessoal, gosta do nosso trabalho na Fundação. Preciso fazer debate na TV, a tela ajuda muito. Porque a imagem que as pessoas constrói é uma, mas na TV é outra”.
ACM Neto, Walter Pinheiro, propostas para Salvador, foram outros temas da conversa. Leia na íntegra:
Bocão News - O que o senhor pretende fazer, quais suas propostas?
Pastor Isidório - Faz parte de um sonho de todo político. Já estou no terceiro período legislativo e só fazemos leis, projetos, indica, é muito papel, mas na verdade quem só faz é o Executivo. Eu faço todo esse trabalho, mas o povo só diz que eu brigo com os homossexuais. E não sou contra ninguém, pois sou contra a qualquer tipo de violência. Agora, eu acho que a gente precisa avançar. Se como parlamento às vezes não somos ouvidos, eu penso em administrar uma cidade, um dia. Pode ser Salvador, São Francisco ou Candeias. Em Salvador sou filho do Subúrbio e tive toda a minha vida ali e hoje estou eleito como o primeiro deputado mais votado na capital, por bondade do povo, porque eu não mereço. E tenho a impressão que seu cuidar de pessoas e as pessoas precisam de carinho, afago, aí entra a Educação, Saúde, Esporte.
BNews - Mas quais propostas o senhor tem para a Educação e Saúde?
PI – Na Saúde é entroncar os governos municipal com do estado e fazer projetos capazes de buscar recursos federais e botar os profissionais certos nos locais certos. O que tem de enfermeiro, médico em mesa de escritório no ar condicionado e a ponta do serviço do médico, da enfermeira, eles não vão. Os postos estão maltratados, a estrutura está falida e a corrupção prejudica. Então é preciso valorizar o profissional da medicina.
BNews – O que o senhor acha da gestão do prefeito ACM Neto? Tem algo que ele fez que o senhor faria diferente?
PI – ACM Neto prometeu hospitais, mas não construiu nada, nem posto médico. Tem R$ 45 milhões, neste momento, sendo gastos na Orla de Salvador para trocar pavimentos, para os poderosos, para os turistas. Tem que ser feito, mas eu acho que não pode esquecer da população mais pobre. Pegar R$ 5 milhões para as encostas, o que está sendo aplicado pela prefeitura, e o governo do estado aplicar R$ 156 milhões. Ou seja, o governador é quem está agindo como um prefeito. É o que eu chamo de ‘goverfeito’, mistura de governador e prefeito. Creches também. Já tem recurso federal liberado e a prefeitura ainda não apresentou nada. São coisas que eu faria. Juntaria com o governo do estado para ajeitar os hospitais de Salvador, já que não se fez nenhum.
BNews – Essa pré-candidatura já foi conversada com o seu partido? O presidente do PSC, Eliel Santana, disse que não.
PI – O partido é cristão, mas estamos tendo problemas espirituais dentro dele. Porque, eu quando entrei no PSC o partido estava na base do governo Jaques Wagner para apoiar Rui Costa e Dilma Rousseff. Por isso que saí do outro por conta desse trabalho que faço, com ajuda desse governo atual, e por conta do alinhamento que tenho com o projeto político. Aí depois, eles preferiram mudar, porque disseram que tinha uma pesquisa, que Paulo Souto iria ganhar, e todo mundo ‘vamos para lá’. Eu disse que tinha lado, que não iria. Não posso condenar o partido por ter ido porque cada um tem sua discussão. Agora o que posso é ser punido, como estou sendo. Estou num partido que é da base do prefeito da capital e sou da base do governo, mas não posso participar de nada, não tenho direito a falar. Estou numa situação constrangedora e esdrúxula. Respeito a direção do partido, mas a direção sabe que sempre tive esse sonho. A Bíblia diz que “andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”
BNews- Há informações de que o PT quer pulverizar candidaturas para enfraquecer ACM Neto e sua candidatura seria para isso. O senhor acredita?
PI – Ninguém tira voto de ninguém. Eu tive essa votação, mas amanhã posso não ter. voto é do povo, não é desse ou daquele candidato. PT não me comanda. Fui do PT, mas saí, não por problemas de dignidade do partido na época, mas por pessoas que eu não concordava. Sou um homem de esquerda, mas não sou filiado ao PT. Sei que o PT criou a visão de igualdade para todos, inclusão social. Esse PT do passado, sou apaixonado até hoje, mas infelizmente se poluiu.
BNews – Esse constrangimento que o senhor está passando no PSC já é um indicativo de saída da sigla?
PI – Não posso forçar que a direção do partido me dê [candidatura]. Mas se o Judiciário julgar que não tem jeito, mesmo eu tendo feito o coeficiente eleitoral sozinho, sem publicidade, sem tempo de televisão do partido, mas se mesmo assim não tiver direito, acho que o partido não tem porque me massacrar. Muitos se questionam porque as pessoas votaram em um doido. Mas será que elas me acham doido mesmo ou porque perceberam que nem tudo que reluz é ouro, ou que nem todo mundo que é chamado de doido é doido.
BNews – O partido se reúne no sábado para tratar da sua candidatura. Se o PSC não aceitar o senhor vai se viabilizar em qual partido?
PI – Vou tentar me viabilizar sem problemas, sem que eles me peçam o mandato, porque não é justo. Foi o povo que me deu, não foram eles [direção do partido] quem me deram. Eu não usei nenhuma estrutura do partido. Espero que eu não precise ir para o Judiciário. Tem muita coisa da reforma política ainda para se tratar. É bom que fique claro que amo o presidente do partido, não tenho nada contra o projeto dele, agora tenho o meu direito. Ou ele me dá o partido para eu disputar ou ele terá que ver de outra forma.
BNews – Um novo quadro está se configurando que é a possibilidade do senador Walter Pinheiro ir para chapa de ACM Neto. O senhor acha que esse quadro pode dificultar a sua vitória?
PI – Já disse que ninguém é dono de voto. Pinheiro é meu irmão, mesmo sendo de outra igreja. A disputa política é feita no corpo-a-corpo. As pessoas, hoje, aprenderam que não adiante votar naqueles que têm uma super campanha. Às vezes campanhas menores agradam mais o eleitor. Costumo dizer que para ser prefeito não precisa ser doutor. Embora eu oriente a todos que estude porque não tem futuro. Mas no meu caso, a minha faculdade é da vida. Não adianta ter um quadro na parede e ter experiência. Eu vejo muitas experiências falhando. Portanto, não teria nenhum problema em disputar com o amigo Pinheiro. Ainda acho que dificilmente aconteça, que ele mude de rota.
BNews - O combate às drogas será o seu ponto de campanha?
PI - Não é o combate às drogas, mas o tratamento. Porque quem combate às drogas é a Polícia. Nesse País está tudo errado, quem tem armamentos potentes fica entre muros e os outros que não tem vão pra rua. Já passou por mim mais de 40 mil pessoas e não é o preto não, é filho de gente grande, boa. As drogas subiram os condomínios de luxo, subiu o elevador. Eu entendo que tem que buscar a causa e muitas vezes vemos que o problema é na família, o esfacelamento dela.
BNews – Desde o aval do governador até hoje o senhor já conversou com algum partido para apoia-lo?
PI – Não. Porque não sou um politico de cima. Dentro da política eu sou um acontecimento de Deus e um grito das camadas sociais embaixo. Eu não tenho estrutura partidária, não conheço nenhum cacique de partido que vai lá conversar. Até porque eles não veem muita coisa em mim, a não ser que percebam que se tem voto virão. Para eu ser candidato em Salvador, preciso primeiro do apoio do senhor Jesus e das orientações do governador. Ser prefeito sem ter apoio do governador não vai pra frente. Salvador está acabado. Por fora tá bonito, mas quem vai por dentro vê como está a realidade. Estou conversando com João Leão (PP), com João Carlos Bacelar (PTN) e tem o PR, o PL de Marcelo Nilo.
BNews – Recebeu convite para o PL?
PI – Um convite pessoal do Marcelo Nilo, mas não para ser candidato à prefeito porque me parece que ele é quem será, concorrente meu.
BNews – Quais desses partidos mais lhe agrada?
PI – É o PP, porque preciso de um partido que tenha deputado federal e o vice-governador é meu amigo pessoal, gosta do nosso trabalho na Fundação. E se eu pudesse ir para o partido dele estaria em um que gosta de mim. E preciso fazer debate na TV, a tela ajuda muito. Porque a imagem que as pessoas constrói é uma, mas na TV é outra.
BNews – O senhor é um deputado despojado que fala o que quer, sem papas na língua. O senhor acredita que precise mudar para atingir outras camadas da sociedade ou continuará sendo o que é?
PI – Eu tô ficando velho e não besta. Se eu vou para o meio do negro, igual a mim, tenho que chegar com roupa de criolo também. Se eu chego no candomblé, não vou com bíblia e pedir para ora, vou bater tambor. Se eu vou para o meio de universidade, preciso começar a ser treinado, falar com o linguajar deles. E se eu tiver humildade e mansidão, vou saber falar com todo mundo.
BNews – E os evangélicos? O senhor me disse que tem 480 igrejas que já manifestaram um interesse em apoia-lo. Isso já está documentado? Quantos votos o senhor realmente acredita que possa ter em Salvador?
PI – Salvador não tem só 480 igrejas, tem mais de 10 mil. Mas não sou candidato só da Assembleia de Deus, sou da católica, do espiritismo. Não serei candidato só de uns, serei de todos. Neste caso, das Assembleias de Deus, eu nem estava pensando nisso, um determinado segmento me colocou como orientador, conselheiro político deles. Uma dos segmentos já documentou. Mas não sou subordinado a nenhum segmento não. Tem que saber dividir o pastor do político.