TÁSSIO REVELAT
Em geral, imaginamos a Idade Média como uma época sem diversão. A violência gerada pelas invasões bárbaras, a fortificação dos castelos, a existência de uma nobreza sempre armada, a presença marcante da religião e a expressão “Idade das Trevas” cunhada pelos renascentistas contribuem para reforçar essa visão. Todavia, não era bem assim.
Por volta do séc. XII, era comum encontrar nas cidades grupos de artistas ambulantes. Eram os chamados saltimbancos. Os artistas, de carroça, peregrinavam de cidade em cidade carregando cenários, fantasias e histórias para alegrar os habitantes dos diferentes lugares por onde passavam.
Os Saltimbancos realizavam diferentes apresentações ao ar livre e para qualquer platéia. Além de atores, havia acrobatas, equilibristas, ilusionistas, mímicos e poetas. Foram esses artistas que deram origem ao que hoje conhecemos como circo.
A Igreja, instituição que determinava os costumes sociais da época, tratava os saltimbancos como marginais e muitas vezes proibia as suas apresentações. Para escapar das perseguições e não revelar suas verdadeiras identidades, os artistas geralmente utilizavam máscaras.
Na contemporaneidade, observamos no cenário cultural de Lauro de Freitas, um saltimbanco fora do comum. O seu nome é Marcos Moreira, estudante de Teatro da UFBA ! Segundo esse ator, o Circo ( e a arte de rua de modo geral) é um encontro de possibilidades de diversos artistas detransgredir com a arte, com o pensamento de encontrar a si mesmo na condição de ser social. Para Marcos, a arte de rua é um desafio, pois o artista precisa buscar uma maior interação com o público. “é olho no olho, não podemos nenhum momento passar sem ser percebido, porque tudo é importante para o artista de rua “, afirma. Esse grande ator de Ipitanga encena o espetáculo “ Cinco contra um”, sucesso de bilheteria, além de ter participado de vários cortejos de Palhaços, do Auto de natal da Igreja católica.
Apesar do enfraquecimento de alguns grupos por falta de apoio político, a cultura dos saltimbancos continua viva em Ipitanga. Um exemplo disso é o grupo Bambolê que desenvolve apresentações artísticas em diversos locais da cidade. Segundo Artêmio, o Bambolê é um grupo Sócio Cultural sem fins lucrativos que tem como objetivo primordial a prática da cidadania através da Cultura. Esse grupo é composto de 150 componentes, dividido em 4 modalidades, como: Teatro, Dança, Arte Circense e Resgate Popular( Terno de Reis). O nome Bambolê é porque o Bambolê é um Brinquedo que enquanto houver equilíbrio e força de vontade ele não cai, por isso os integrantes do grupo dizem: O Bambolê balança, balança , mas não cai. O grupo foi fundado em 15 de fevereiro de 2000. Existe em também na cidade importantes grupos como Ereoatá, Bankoma, Sociedade Távola, Oco. Observem que numa cidade populosa como a nossa, poucos grupos conseguiram se profissionalizar, são raros os grupos ou projetos que conseguem desenvolver um trabalho sistemático.
Raul Seixas dizia que a arte é o espelho social de uma época, dessa forma, um dos melhores meios de resgatar e valorizar a nossa cultura e a nossa memória é através do trabalho social desenvolvido por esses grupos.
Enquanto o poder público NÃO se faz presente, mesmo sem apoio, esses guerreiros da arte mantém viva a cultura na cidade, que balança, balança…mas não cai !!
Café com Notícias