por Edimário Duplat
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Em 2006, a cidade de Ilhéus foi pintada de azul e amarelo. Com uma campanha impecável, o Colo-Colo quebrou uma hegemonia de 38 anos da capital e levou o titulo de campeão baiano para o interior do estado. Além da projeção para todo o país, o clube viveu o maior momento de sua história profissional, participando de duas competições nacionais como o Campeonato Brasileiro da Série C e a Copa do Brasil, além de revelar jogadores como o atacante Ednei e o meia Gil, mais tarde contratados por Bahia e Vitória, respectivamente. Porém, cinco anos após a importante conquista, tudo parecia diferente na vida do Tigre. O clube do sul baiano não resistiu as más atuações no certame de 2011 e teve um dos piores momentos de sua jornada, sendo rebaixado a segunda divisão nacional em um agonizante quadrangular com Fluminense de Feira, Juazeiro e Ipitanga.
Equipe ilheense na década de 50, na era amadora do time
Foto: Divulgação
Apesar da crise vivida no início da década, alternar entre a glória e o fracasso não é uma novidade a equipe do litoral. Criado por entusiastas do esporte no final dos anos 40, o Colo-Colo herdou as cores e o nome de duas potências do futebol sul-americano, sendo batizado com a mesma homenagem dos chilenos ao líder indígena mapuche e recebendo os uniformes, comprados diretamente da Argentina, baseados no já poderoso Boca Juniors. Inicialmente no amadorismo, foi um dos protagonistas da era de ouro do cacau e dominou os gramados amadores da região nos anos 60, até se profissionalizar no certame estadual junto com seus rivais. Entretanto, a entrada precoce de três clubes da mesma cidade (os outros eram Flamengo e Vitória) e as decisões equivocadas de tentar se equipararem as forças da capital acabou por definhar o potencial do sul baiano, fazendo com que o futebol local mais uma vez retornasse aos gramados de várzea. Em 2014, assim como aconteceu em sua segunda investida ao profissionalismo nos anos 90, um verdadeiro renascimento do esquadrão auriazul parece despontar na Terra do Chocolate. Empatado por pontos com Fluminense de Feira e Flamengo de Guanambi, mas com vantagem no saldo de gols, o Colo-Colo figura na liderança da Série B do Campeonato Baiano e espera refletir em campo o apoio da cidade para o acesso a elite estadual. “Uma coisa é colocar um time de futebol e não se identificar com a comunidade, a outra é ter o reconhecimento pelo trabalho que vem sendo feito” afirma o presidente Walter Telles, que assumiu o clube em 2012 e vem criando um trabalho estrutural com apoio de empresários e associações de Ilhéus. “A população estava apreensiva no início, principalmente depois do rebaixamento. Mas compraram a ideia e abraçaram o time” continuou o mandatário.
Colo-Colo na luta pelo acesso a primeira divisão de 2015
Foto: José Nazal/ Jornal Bahia Online
Com apoio para formar um time competitivo, o Colo-Colo tem em seu plantel jogadores pratas da casa e outros oriundos da primeira divisão estadual, como o goleiro Waldson (ex-Feirense) e o quarteto de zaga formado por Buzu, Valdo, Correia e Wagner, o menos vazado da competição com nenhum gol sofrido. Dessa forma, mesmo com o segundo pior ataque das equipes participantes – quatro gols em cinco jogos – o grande trunfo dos ilheenses é uma defesa coesa e rápidos contra-ataques que transformam o Tigre em um dos adversários mais difíceis na luta pelo acesso. No banco de reservas, o treinador Fernando Dourado também é uma das apostas do time. Com passagens no futebol sergipano e alagoano, o comandante tem fama de disciplinador e conhece bem a fórmula para o acesso. “Ele tem experiências no América de Propriá e Penedense, estava no exterior, é um bom nome que escolhemos para o time” reitera o presidente Walter Telles. Faltando quatro rodadas para o final da competição e com grandes chances de voltar ao topo, o Colo-Colo revive um pouco da sua história de superação para, quem sabe, poder sonhar com novos dias dourados no futebol.
Colo-Colo espera repetir feito da equipe campeã de 2006
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