O mecânico Jarbas Carlini tem um hobby há 20 anos: fazer réplicas da taça da Copa do Mundo. O gesto de Dunga na conquista do quarto título brasileiro o inspirou e desde então concilia os trabalhos na sua oficina com as confecções das taças. No último domingo, o carioca do bairro de Campo Grande, zona oeste do Rio, subiu a serra até Teresópolis, onde a seleção brasileira se prepara o mundial de 2014 para fazer negócio. "Trouxe 30 taças e só restam seis", disse. Cada uma sai a R$ 100. Feita com gesso, um revestimento de cimento e pintada em spray dourado, ela é muito parecida à original. E vai ficar mais cara a medida que a final da Copa se aproxima. "Cem reais só hoje. Amanhã é R$ 200, depois na Copa R$ 250...", disse. Quem não compra não pode nem tocar na réplica. "É como a taça original. Só ex-campeões e chefes de estado podem tocá-la". Carlini tem certa fama no Rio e no carro que transporta as réplicas carrega fotos de jogadores e ex-atletas carregando suas taças, todas feitas no quintal de sua casa. Segundo o mecânico, cada taça leva em média 40 minutos para ficar pronta. Por mais que seja apaixonado pela Copa do Mundo e sua atividade ser uma exaltação ao maior torneio do futebol mundial, Carlini pode ser processado pela Fifa. A taça da Copa do Mundo é uma marca registrada da entidade e não pode ser comercializada a não ser por parceiros da Fifa. Ainda assim, Carlini diz que não faz nada ilegal. Argumenta que a própria Fifa reconhece seu trabalho. "Em 2010, no Rio, estava com a taça e um cara da Fifa viu e adorou. Me deu um broche da Fifa, até", disse, tirando de dentro do seu carro cheio de taças o souvenir azul marinho com o logo da Fifa. A entidade nega qualquer autorização para que Carlini comercialize as réplicas e diz que trabalha com autoridades brasileiras para coibir a venda não só de taças estilizadas como de qualquer produto que possa infringir as regras estabelecidas com o governo do Brasil na Lei Geral da Copa. "A Fifa não está em posição de comentar sobre cada infração potencial dos seus direitos, mas, em geral, a imagem do troféu da Copa do Mundo da Fifa é amplamente protegido pelas leis de propriedade intelectual em todo o mundo, inclusive no Brasil". "A comercialização de qualquer reprodução não autorizada do troféu é uma clara violação da legislação brasileira", disse a Fifa ao iG. A entidade não se posiciona contra a fabricação das réplicas da taça, mas sim a sua comercialização.