por Evilásio Júnior
Foto: Panoramio
Os soteropolitanos e turistas ficarão sem o tradicional Acarajé da Cira, em Itapuã, por seis meses. A baiana e outros comerciantes da região foram notificados nesta quarta-feira (4) pela Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom), terão dez dias para deixar o espaço e partir temporariamente para outro endereço. A tenda da quituteira, localizada na Rua Aristides Milton, está inserida na área a ser atendida pelo projeto de requalificação da orla do bairro. O secretário de Infraestrutura Paulo Fontana informou ao Bahia Notícias que a obra, a ser executada pela Superintendência de Conservação e Obras Públicas do Salvador (Sucop), está prevista para ser iniciada em duas semanas e tem prazo de 180 dias para ser concluída. "Onde o prefeito chega, a comunidade cobra: poxa, fez a requalificação da Barra, está fazendo a Ribeira, mas não fez Itapuã. É uma saída provisória, necessária, senão a obra não sai. Licitou, já tem a construtora pronta para começar a obra, e aí você não faz a obra porque tem cinco, seis, oito, dez comerciantes? O interesse coletivo sempre tem que prevalecer ao interesse pessoal. Não tem parto sem dor, não se faz omelete sem quebrar os ovos", comparou o titular da Sucom, Sílvio Pinheiro, em entrevista ao BN, ao negar que tenha havido tratamento truculento dos fiscais do órgão: "Isso é conversa. A verdade é que ninguém gosta de ser notificado. A notificação é um ato frio mesmo, formal: chega lá e notifica. Não dá para botar no colo, carregar...".
Foto: Evilásio Júnior/ Bahia Notícias
De acordo com o superintendente, o caso específico de Cira será tratado pessoalmente pela secretária de Ordem Pública, Rosemma Maluf, que cuida especificamente da realocação dos comerciantes. "Ela [Cira] vai ser devidamente realocada pela Semop e depois vai voltar. Vai voltar para um espaço melhor, com a orla arrumada, requalificada, vai mais gente, com Verão em alta e vai vender mais acarajé. Você chega hoje em Itapuã e não tem como estacionar o carro. Não tenho dúvida de que vai virar um local privilegiado. Os infortúnios são temporários, mas os benefícios são permanentes", avaliou Pinheiro. Segundo ele, o mesmo tipo de operação será realizado em aproximadamente quatro meses em outro ícone cultural da cidade, cujo projeto de revitalização está em fase final de elaboração pela Fundação Mário leal Ferreira (FMLF): "Vai acontecer também no Rio Vermelho com Dinha e Regina. A orla de Salvador precisa ser requalificada. Com todo respeito a Sergipe, mas nós voltávamos de Aracaju revoltados com a infraestrutura que tem lá. Tem que ter coragem para encarar os desafios. O prefeito [ACM Neto] não foi eleito para tomar decisões fáceis. Seria muito mais fácil pintar meio-fio e tapar buraco. Não é o projeto do prefeito", justificou. Recentemente, outra polêmica reintegração de posse promovida pela prefeitura aconteceu na Favelinha, no Costa Azul. Conforme Sílvio Pinheiro, os ambulantes foram recebidos pelo prefeito na semana passada e já foi identificada uma área próxima para a reinstalação do lava-jato e reativação do chamado Barbicha. Outros comerciantes receberam boxes no Mercado do Rio Vermelho.
Foto: Evilásio Júnior/ Bahia Notícias