domingo, 15 de abril de 2012

Após missa, jovem é confundido com ladrão e é baleado no prédio da avó

Vítima diz que policiais foram responsáveis pelos tiros que o atingiram.
“Ele teria sido atingido por elementos em fuga”, diz versão da polícia.
Um estudante de educação física foi baleado na noite da sexta-feira (13) no condomínio onde mora sua avó, localizado no bairro da Barra, em Salvador. De acordo com moradores do prédio onde a avó do jovem mora, a polícia chegou a entrar armada com uma metralhadora no edifício.
O clima é de muita tristeza para a vó da vítima. “Michel é uma pessoa do bem, de família. Existe pessoas do bem e existem pessoas do mal, então o policial tem que respeitar o cidadão e nós temos o direito de ir e vir. A polícia está para nos dar segurança e proteção e não para fazer o que fez”, diz o avô da vítima, Osmar Pita.
Passava das 18h15 quando o jovem saía da missa, passando pela rua Lemos de Brito e caminha em direção ao prédio da avó. Enquanto ele tentava entrar, ele ouviu um tiroteio. Correu até o portão e assustado não conseguiu abri-lo. Assim, ele se jogou no jardim do prédio, quando foi atingido por um tiro da polícia. Segundo informações de testemunhas, o policial que deu o tiro no jovem, pegou o controle eletrônico do portão na tentativa de entrar no prédio. Nesse momento, uma moradora chegou e questionou a entrada da polícia. “O que foi meu senhor? E ele me disse que tinha um rapaz dizendo que era morador, e que a avó dele morava no prédio. Foi aí que eu fui avisar a família”, relatou a moradora Nancy Abdo.
“Quando eu desci os policiais já estavam afastados e eu perguntei se haviam baleados? Foi aí que meu sobrinho me disse que eles haviam baleado ele”, contou o tio da vítima, Osmar Pita Júnior.
No muro do jardim ficaram as marcas de sangue. O jovem foi levado para o Hospital Espanhol onde está internado. “No momento em que eu pulei para o jardim para tentar me abaixar eu ouvi os tiros. Eu coloquei a mão na minha cabeça, foi quando meu braço direito foi alvejado e eu não consegui levantar. Eu continuei no chão e a polícia continuava a me chamar de vagabundo. Eu dizia a eles que eu era estudante”, relata Michell Luis Dias Pitta.
O delegado Nilton Borba, titular da delegacia de Furtos e Roubos, contou uma versão diferente do caso. “A nossa equipe vinha descendo por ali em busca dos elementos quando perceberam uma pessoa correndo e imaginaram que essa pessoa poderia ser um desses elementos que participou do tiroteio com outra equipe. E aí foram abordar essa pessoa. Essa pessoa estava com um tiro no braço. Os elementos quando evadiram saíram atirando por todos os lados e essa pessoa, em um primeiro momento, foi confundida com um dos assaltantes. Daí foi uma abordagem mais vigorosa por parte dos policiais. Provavelmente, a informação que nós temos, é que ele teria sido atingido por um dos disparos feito pelos elementos em fuga. Se ocorreu algum excesso e se o tiro tiver partido por um policial, ele vai responder”, informou o delegado.
“Essa situação é muito difícil. A gente vê um garoto honesto, de família, não é um garoto de baderna, é um trabalhador. A gente vê ele se identificando e o policial não tendo o respeito de pelo menos, ouvi-lo”, disse a mãe da vítima, Zuleide Dias.

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