Último esforço para João Oliveira, com ministro Padilha, Moema, Chico Franco e a maternidade
Foto: DIV
A prefeita Moema Gramacho (PT), Lauro de Freitas, anuncia através do Depom, que deixará R$315 milhões em obras com projetos contratados e um legado imenso ao município, entre feitos, 4.5 mil casas populares, SAMU, restaurante popular, R$10 milhões contratados em projetos de segurança, 3 CAPs, postos de saúde, clinicas odontológicas, obras em saneamento, ruas asfaltadas e projetos referência nacional, entre outros.
A pergunta que se faz no meio politico é por que Moema, de fato uma boa gestora e com tantas obras, oito anos de governo, certamente a petista com mais obras no interior da Bahia, não conseguiu fazer o seu sucessor na candidatura João Oliveira?
Diria que existem pelo menos cinco motivos mais visíveis que conduziram a prefeita a esta derrota, impensada na direção estadual do partido e para ela.
O primeiro motivo teria sido a escolha do candidato da responsabilidade pessoal de Moema. A prefeita conduziu uma coligação de 18 partidos em Lauro, mas, não admitiu, sequer uma discussão mais contextualizada com a realidde politica, abrir a cabeça da chapa.
Lição de Wagner: "politica se faz se juntando e não se espalhando". Moema juntou e espalhou ao mesmo tempo.
Primeiro Manoel Carlos Santos (Carlucho), PSB, se lançou pré-candidato, mas, a senadora Lidice da Mata compôs com Moema e indicou a secretária da Educação; depois os deputados Daniel Almeida e Alice Portugal fizeram uma festa politica para Chico Franco (PCdoB) e o lançaram candidato a prefeito com direito a out-doors em vários pontos do município. Moema cooptou o PCdoB e acatou Chico na vice do seu candidato João.
O PRB, da IURD (Lauro tem dezenas de igejas evangélicas), que teve os dois vereadores mais votados do município Edilson Ferreira (2.596 votos) e Alexandre Marques (1.879) e um terceiro Decinho (786) ficou chupando dedo.
O próprio PT, que se ensaiou com Lula Maciel, único vereador da legenda no município, nada. Lula apenas se reelegeu vereador, agora, também com Naide Brito.
Moema, portanto, bancou com todos os riscos a candidatura de João Oliveira, seu vice-prefeito, fidelíssimo, egresso do PSDB.
João é o que se chama na politica, popularmente, de "boa gente", um camarada sério, organizado, fiel, mas, sem carisma, sem empatia popular.
João fez a campanha toda andando com Chico Franco (a maioria das vezes) e Moema. Precisava desse amparo e realizou o que pode, sua assessoria distribuindo fotos à imprensa, com João carregando e beijando crianças pobres e prometendo seguir (dar continuidade) aos feitos de Moema.
Falta de avisos a Moema de que João seria um candidato difícil de conduzir parece que não faltaram.
E o que fizeram os vereadores da base política de Moema diante de tal fato, o candidato sem decolar como se esperava? A politica do murici. Cada qual, cuidando de si.
Tanto isso é verdadeiro que, dos 17 vereadores eleios para a nova Câmara, 14 são da coligação conduzida por Moema, e apenas 3 de Márcio Araponga Paiva, o candidato pepista eleieto prefeito.
Vem, então, o segundo motivo, que é o contra-ponto de João, a candidatura Márcio Araponga. Dr Márcio, como é conhecido, fora o vereador mais votado em 2008 e, se faltava carisma a João, sobrava em Márcio.
Diante de tanta simpatia junto ao eleitorado, Dr Márcio sabedor do desgaste do deputado João Leão e seu filho Cacá no município (este último perdeu para Moema, em 2008, e teve apenas 6.000 votos para deputado, em 2010), e conhecedor da popularidade de Moema, desconheceu a ambos e conduziu sua campanha com o candidato a vice Bebel Carvalho (outro camarada simples, simpático) e sua esposa, a médica Adriana Paiva, subiu e desceu todos os guetos de Lauro, especialmente em Itinga e Portão, cativou a classe média, e adicionou ao que Moema já tinha feito, mais promessas e atenção à população mais pobre.
Deu certíssimo: ganhou nos maiores colégios de Lauro, Itinga e Portão (os centros populares) e Vilas do Atlântico/centro e condomínios (na classe média).
Esse foi outro erro fatal para Moema, o desprezo que deu a classe média, erro também cometido por Pelegrino em Salvador.
Lauro tem áreas enormes de classe média alta e classe média-média, além da classe-média baixa (a chamada classe C).
A Prefeitura de Moema fez uma obra em Vilas mudando o trânsito na Luiz Tarquinio que foi um desastre politico. Gastou-se R$500 mil e só adicionou problemas e ainda trouxe prejuízos aos comerciantes. Moema foi avisada inclusive por este BJÁ. Só mudou 6 meses depois demitindo seu secretário de Transporte quando o desastre já era latente.
Dois comerciantes dessa área foram candidatos a vereador no apoio a Márcio e obtiveram 893 votos, inclusive Israel Queixão, o homem que conserta bombas, neófito na politica, com 338 votos.
Em Vilas, a mesma coisa. Oito anos para mudar a rodoviária da Av Nossa Senhora de Copacaba, que atende a empresas de ônibus de Salvador, num balneário. Várias reuniões foram feitas e os moradores em permanente rosário de criticas. Foram feitas duas passeatas contra Moema e uma moradora escreveu um artigo no Vilas Magazine (o veiculo mais importante do municío) dizendo, com todas as letras, que Moema tinha virado as costas para os moradores de Vilas.
Quando chegou no reveillon o calçadão de Vilas às escuras. A classe média na praia, retada. Resultado: Márcio teve 65% dos votos nessa grande zona eleitoral e João 25%.
Um quarto motivo que detectamos na população dos bairros mais populares de Lauro é que Moema tem a imagem de autoritária, no sentido de mandona, de fazer o que deseja. Mas, a prefeita de Lauro não é autoritária no sentido clássico da palavra, do politico que chuta a canela alheia e só faz o que deseja.
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O certo, no entanto, é que esse "autoritarismo" de Moema se espalhou pelos guetos de forma muito forte. E, Márcio Paiva, sem tocar no assunto, mas, sabendo do que se passava, se apresentava de forma quase messiânica, "olha, eu sou o Salvador, aquele que veio para vos salvar", e só quero paz e amor. Fatal.
Por fim, a prefeita Moema nunca deu atenção como deveria a midia. Seu DEPOM (Departamento de Comunicação) não tinha verbas publicitárias, vivia a míngua, e o pouco que Moema fazia de publicidade do seu governo era em A Tarde, um caderno de realizações no modelo antigo, investimento no programa de Batatinha (Nova Salvador FM), alguns out-doors e pouquissima TV.
Resultado: Moema fazia (e faz) um bom governo, mas, as pessoas não sabem. Lauro não é um municpio qualquer, está ao lado de Salvador, concorre com Camaçari, tem recursos, mas, investe pouquissimo nesse segmento. E, quando fez, pra pagar era uma demora de 6 meses. Então, boa vontade com Moema na midia nem pensar.
São esses no nosso ponto de vista os motivos que a levaram Moema a não fazer o sucessor. Repito: Moema faz o melhor governo da RMS, mas, derrapou na parte politica.
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