sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Educadora condena material da Alfa e Beto: ‘Racista, machista e sexista’


por David Mendes
Educadora condena material da Alfa e Beto: ‘Racista, machista e sexista’
Foto: Reprodução
A diretora educacional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), Jacilene Nascimento, responsável pelo acompanhamento das questões pedagógicas e étnico-raciais de todos os materiais distribuídos na Rede Pública de Ensino, também condenou o conteúdo didático produzido pelo Instituto Alfa e Beto, empresa contratada por R$ 12,3 milhões, com dispensa de licitação, para fornecer conteúdo pedagógico a 90 mil alunos do 1° ao 5° ano nas escolas administradas pela prefeitura de Salvador. De acordo com a educadora, que se reuniu nesta quarta-feira (20) com a subsecretária municipal de Educação, Teresa Cozetti Pontual, e o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista de Araújo Oliveira, os problemas detectados nos materiais didáticos já eram conhecidos. Eles tinham sido levados ao conhecimento da própria Teresa Pontual, nomeada recentemente, após atuar na mesma função na prefeitura do Rio de Janeiro e no governo fluminense. “A resposta que a subsecretária me deu foi que ela não via problema nenhum no material, porque os textos eram literários”, afirmou Jacilene, em entrevista ao Bahia Notícias.
Prefeito ACM Neto, secretário Bacelar e subsecretária Teresa Pontual
Segundo a representante sindical, logo após a repercussão do caso, ela foi convidada pela Secretaria Municipal de Educação (Smed) para um encontro com a subsecretária e João Batista. “Informei a ele os absurdos que o livro possuía e que, na verdade, eram uma afronta a todo um trabalho organizado pelos professores desta cidade, que não estavam sendo respeitados, além de todo o simbólico racista, machista e sexista que o material apresenta”, narrou. A professora informou que o empresário discordou dos pontos levantados pela entidade educacional. “O dono do instituto me disse que o estereótipo que a gente sinalizava, ele não percebia da mesma forma. Mas, todas as figuras utilizadas no livro de Ciências, por exemplo, não têm nenhuma regionalização. Você não vê uma criança com características das nossas crianças. São fotos de crianças eurocêntricas, totalmente. A gente não quer um livro só com presença de crianças negras. Mas a gente quer ver a criança negra incluída nesse grupo”, cobrou e citou ainda outro texto, considerado também de conteúdo "racista". "Agora eles trazem o Saci Pererê como um diabinho pequeno e malfeitor. O que a gente percebe é o simbolismo de uma criança negra e mutilada, que passa a ser um diabinho e malfeitor. E nós resignificamos essa presença do Saci Pererê como um garoto levado como outro qualquer, com necessidade especial de inclusão”, criticou, ao citar a obra “Do que eu tenho medo”, escrita por Clarice Lispector no livro "Como nasceram as estrelas – Doze lendas brasileiras", que também está inclusa no material. “Nós não queremos que as crianças tenham medo dos meninos da escola de cor negra, que sejam mais levados que os outros e que possuam necessidades especiais”, defendeu.
 

Ainda segundo Jacilene Nascimento, a Smed negou a solicitação feita pela APLB para avaliar o conteúdo didático. “Até para adquirir o material eu tive que sair de porta em porta pedindo a professores o empréstimo. Eu solicitei da Secretaria de Educação esse material antes do início do ano letivo, durante a Semana Pedagógica, mas ele não foi entregue”, revelou. Para a educadora, o prefeito ACM Neto (DEM) deve "rever toda a questão pedagógica e a forma como se vem trabalhando". “A Secretaria traz um material de fora, de um grupo que não conhece esse trabalho que o nosso professor já realiza, inclusive que consegue, em uma situação de rede pública precária, resignificar a autoestima do aluno. O dinheiro gasto deveria ser investido nos nossos educadores, que fazem materiais muito bons e que têm tido experiência exitosas dentro da Rede Municipal. Essa é a grande queixa do professor: é não reconhecer todo o seu trabalho”, queixou-se.

Um comentário:

  1. O lance de racismo e a merda da homofobia já está ultrapassando as barreiras da ética e da lógica.
    É um absurdo uma educadora, diretora e lider de outra merda que é sindicatos, querer excluir do nosso folclore o saci perêrê por ACHAR que as crinças podem associar aos meninos negros nas escolas, pelo amor de Deus.
    Querer brigar por dignidade para os educadores da nossa cidade é uma coisa uqe por sinal apoio, agora querer se aparecer é de mais.

    GUEU-20

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