Foto: divulgação internet.
Às vésperas de completar mais um aniversário de sua emancipação, Lauro de Freitas, antiga Santo Amaro de Ipitanga, resvala em sua História o descaso com as fontes documentais que ainda existem e que narram com riqueza de detalhes através de manuscritos, plantas e mapas cartográficos a memória de mais de quatro séculos de história e não apenas de um pouco mais de meio século.
Foto: divulgação internet.
Considerando que o processo de emancipação de uma cidade não ocorre da noite para o dia não se pode ignorar a passagem de um macro tempo em detrimento de um micro e nem valorar fatores de ordem política administrativa que levaram a emancipação de fato, como, por exemplo, a mudança do nome da cidade.
A luta a favor da “preservação e salvaguarda” de tais acervos documentais vem sendo defendida por pessoas da cidade que entendem o significado destes para a mesma em termos de posse e sentimento de pertença pela sua História e Memória, assim como por compreenderem a importância para as novas gerações face a acessibilidade de processos históricos aqui ocorridos como sendo a então recentemente emancipada Lauro de Freitas uma das primeiras freguesias criadas em simultaneidade com o processo de colonização do Brasil e da Bahia, pelo legado da empresa jesuítica, pelas revoltas negras como a dos Malês, pelas lutas pela Independência do Brasil na Bahia, pelos franceses que deram os primeiros passos para a construção de uma Base Aérea, pelos ilustres e desconhecidos filhos desta terra a exemplos de José Álvares do Amaral e João Ladislau Figueredo e por uma gama mais contemporânea de tradições culturais passadas de gerações por gerações que hoje respingam aqui e ali muito mais pelos anseios populares do que pelos poderes públicos aos quais deveria se contar e também de sua memória pública política preservar.
A perplexidade é grande, por exemplo, se tomarmos como base as propostas que ao longo de anos vem sendo apresentadas e “totalmente ignoradas” principalmente à Câmara Municipal da Cidade através dos seus respectivos Presidentes para a criação de um Memorial desta Casa em respeito ao seu Patrimônio Cultural Material desde então constituído, assim como pelas pessoas que ali passam ou passaram e deixaram suas marcas através de várias linguagens.
Foto: divulgação internet.
O agravo com a memória escrita política por conta deste meio século, pelo menos considerando a emancipação e até mesmo com o que se tem pesquisado do período Colonial/Provincial é ultrajante. É mesmo caso de Ministério Público se observamos o que diz a própria LOM – Lei Orgânica do Município no que tange a Cultura e ao Patrimônio Histórico e Cultural e ao “ESTADO DEGRADANTE” em que se encontram os seus arquivos no Prédio Anexo da mesma. (Veja fotos abaixo).
Créditos das fotos: acervo da Redação do Café Com Notícias.
Não somente a memória política mais também a arbitrariedade com o assunto no que refere-se as pesquisas historiográficas sobre os primórdios da cidade estendem-se também às demais Secretarias do município em todas as suas instâncias, tendo em vista que em parte as mesmas estão cientes de toda a pesquisa doravante realizada e da necessidade mais que urgente da sua continuidade mediante um passado guardado em condições inadequadas, mais que ainda podem ser buscadas, preservadas e salvaguardadas.
Além destes devem-se conscientizar-se toda a sua sociedade civil, estimulando para o fomento à pesquisa outras instituições que a constituem, como: o Rotary Club, a ALALF – Academia de Letras de Lauro de Freitas, Lions Club, grandes empresas como o grupo Insinuante e Ricardo Eletro, as diversas colônias como a da Beneficência Portuguesa e dos Espanhóis, Maçonaria, as inúmeras Faculdades que hoje se aglomeram na cidade e as escolas de ensino em todos os seus níveis, empresários dos diversos ramos, enfim, todos os dirigentes e dirigidos fazem parte deste labor e devem começar a apresentar iniciativas que contribuam para tal, como captação de recursos através de projetos que contemplem editais e até mesmo por gestos particulares concretos que independam da esfera governamental. Passos significativos como estes são sinais de uma nova mentalidade cultural em relação a História e Memória de nossos ancestrais e de todo tipo de patrimônio por eles nos legado.
“Portanto, é que a salvação e custodia de tais acervos escritos e orais de centros históricos como Lauro de Freitas deve ser entendido como um compromisso social além de cultural e deve fazer parte de políticas públicas educacionais voltadas para a proteção legal de tais patrimônios culturais que assegurem instrumentos eficazes para garantir a manutenção dos elementos que compõem a identidade de seu povo”.
Adotar uma política de Educação Patrimonial que envolva poderes públicos e toda comunidade, principalmente a voltada para o alunado é outra estratégia já adotada por muitas cidades que se conscientizaram e hoje valorizam e respeitam seus bens culturais seja lá de qual natureza for. Uma proposta já muito discutida e que vem dando certo em inúmeras regiões de todo o mundo.
Assim sendo, mais do que comemorar mais um ano de emancipação é começar a efetivar ações que priorizem a busca, organização, preservação e salvaguarda de tais acervos documentais, tendo em vista a total inexistência de qualquer tipo de “responsabilidade” com este tipo de Patrimônio Cultural Material e Imaterial para a cidade atualmente em pleno meio século de emancipação. Observam-se apenas ações pontuais sobre a memória escrita ou oral da mesma, quando de datas específicas a partir de um calendário e ou de comemorações e celebrações que fazem parte das tradições culturais da região, como mais um ano de emancipada.
Urge, pois a necessidade de assegurar tais bens de natureza material e imaterial relacionados com a identidade, a ação e a memória dos diferentes grupos formadores desta, colocando na prática o que indica e da providências a própria LOM – Lei Orgânica do Município no que concerne ao capítulo que se destina da Cultura e do Patrimônio Histórico e Cultural em consonância com as Leis Federal e Estadual (cf art. 24 da Carta Magna – nossa Constituição Federal).
Emancipação é sinal de avanço em todos os sentidos, senão há de se preterir um presente sem vestígios do passado. E lá se vai mais um ano emancipação festejar, com programação a “toque de caixa” a se apresentar.
E daqui há mais algumas e breves décadas o que há de se esperar se não se começa a preservar e salvaguardar?
O Patrimônio Cultural é de todos NÓS.
Defendê-lo e Preservá-lo é um direito e um dever de TODO cidadão (ã).
Da Redação do Café Com Notícias.
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