Em vez de postar mensagens e fotos, troca-se tempo livre. Essa é a ideia por trás do Bliive , uma rede social desenvolvida com o intuito de criar conexões entre as pessoas e, a partir delas, estabelecer trocas. O intercâmbio, no entanto, não é de bens materiais, e sim de habilidades e tempo livre. Para participar, é necessário ser convidado por algum participante ou solicitar a entrada no próprio site. Após a aprovação, o participante pode oferecer uma habilidade em troca de TimeMoney, a moeda vigente na rede. Por exemplo, se alguém toca violão, pode oferecer esse serviço e, em troca, recebe a moeda, ficando com o crédito de uma hora. Se ele quiser aprender a falar outro idioma, oferece o TimeMoney em troca de aulas do idioma desejado. Combinada a transação, os envolvidos oferecem aquilo que dominam em troca de créditos de tempo, que podem ser utilizados em outras transações.
Lançado no final de maio, o Bliive já conta com 6800 participantes espalhados por cerca de 45 países. A distância geográfica não é um empecilho. Pelo contrário, pode tornar a experiência diferente. “Já ofereci e troquei [experiências]. Você pode fazer uma aula presencial ou por Skype, o que facilita, pois tem pessoas de todo lugar”, explica a professora de inglês Juliana Castro Corazza, participante da rede. O Bliive parte do princípio dos bancos de tempo, onde o lema é a troca de informação e habilidades sem o uso de dinheiro. Essa economia, considerada sustentável, nasceu no Japão nos anos 80 e foi ganhando representantes no resto do mundo. Segundo a organização TimeBanks USA, existem mais de 300 bancos de tempo espalhados em 35 países, como a rede social portuguesa Equilibrium e a espanhola Associazione Nazionale Banche del Tempo. No Brasil, a iniciativa do Bliive é propor uma reflexão sobre quais valores realmente importam na sociedade atual.
A ideia também pode trazer frutos não apenas para a vida pessoal, mas também profissional dos participantes. “Você tem a chance de fazer negócio de uma forma diferente. Eu, como professora e empreendedora, aprendi e anotei várias ideias pra minha escola a partir da experiência”, comenta Juliana. Lorrana Scarpioni, fundadora do projeto, se inspirou em documentários sobre economia alternativa e colaboração online. Aos 21 anos, ela juntou dinheiro e uma equipe de sócios e colaboradores. Hoje, a rede tem mais de 270 trocas já realizadas. Aos 23, ela diz que a rede social preenche as expectativas. “A gente já está no ar há quase três meses e o retorno é bastante positivo”, comenta. Todo tipo de experiência pode ser trocado. Porém, a maioria se concentra em trocas de conhecimento. “Como é muita coisa, tem um pouco de tudo. Percebemos que o que mais rola é a troca de conhecimento, não tanto de serviços. Aulas de violão por Photoshop, conversas sobre viagem, esse tipo de informação”, explica Lorrana. “A maioria das experiências são boas, de pessoas trocando o que tem valor para elas”, finaliza. (Tribuna da Bahia)
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