por Marília Moreira
Artistas afetados pelo contingenciamento de verbas anunciado pelo governo da Bahia no dia 31 de julho preparam estratégias para oficializar suas insatisfações com as suspensões, adiamentos ou revogações de projetos culturais. Nesta sexta-feira (13), os colegiados setoriais das artes visuais, audiovisual, circo, dança, literatura, música e teatro lançaram comunicado nas redes sociais convocando produtores, artistas e sociedade civil a comparecerem na próxima quarta-feira (18), às 11h30, no Espaço Xisto. O encontro visa definir as estratégias com as quais classe artística e sociedade civil manifestarão suas insatisfações frente ao governo e sua decisão de cortar verbas de projetos calendarizados – que visam conferir estabilidade à realização de eventos consolidados, com vistas à formação de calendário cultural que contemple diversos segmentos da cultura e diferentes regiões do estado. Com o decreto, a Secretaria de Cultura (Secult) poderá gastar pouco mais de R$ 72 milhões até o fim do ano. A interrupção do Quarta que Dança, evento promovido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), vinculada à Secult, que, há 15 anos, acontece às quartas-feiras do segundo semestre com espetáculos e intervenções gratuitas, é um dos principais motivos do descontentamento da classe artística por estar com o seu calendário em execução desde julho. Assim como o Quarta que Dança, o Salão de Artes Visuais da Bahia também foi suspenso e adiado para o início de 2014, no entanto, as consequências são menos conflitantes por não envolver a agenda dos artistas – os quais não precisam estar presentes em todas as exposições. No Diário Oficial desta quarta-feira (11), mais três projetos sofreram alterações: a Temporada Verão Cênico e o Projeto de Ação Poética foram revogados e a 16ª edição do Festival 5 minutos adiada para o início de 2014.
Diário Oficial, 11 de setembro de 2013 - Dois projetos revogados e um adiado
Nesta quinta-feira (12), membros da coordenação de dança se encontram para definir os próximos passos do projeto. “Na reunião desta semana a Funceb consultou os artistas da dança para saber se eles ainda nutriam interesse em se apresentar no ano que vem. Foi uma reunião de caráter consultivo, já que o edital ao qual submetemos nossos projetos previa o encerramento das atividades em novembro de 2013 e o adiamento irá interferir nas nossas agendas. Ainda não temos uma resposta, mas estamos certos de que devemos nos mobilizar e mostrar o nosso descontentamento frente ao governo sobre como a cultura vem sendo tratada”, contou a dançarina e presidente do colegiado setorial de dança, Clara Trigo, em entrevista ao Bahia Notícias. Na reunião da próxima quarta-feira (18), haverá somente a participação dos artistas, sem intermédio do governo. “Com o encontro pretendemos alcançar outro patamar que é esse da resposta a como a cultura vem sendo tratada historicamente. Se há que se fazer contenções, é sempre onde se corta. Isso causa um prejuízo muito grande não só aos artistas, mas a todo o setor”, criticou Trigo. Segundo Matias Santiago, diretor da coordenação de dança da Funceb, a postura com a qual o órgão tem tratado a questão e a mobilização, que agora começa a ganhar força, é dialógica. “Em todas essas reuniões a nossa postura é a de esclarecer os motivos do adiamento e de tentar organizar as coisas, em termos de infraestrutura, para que a classe se mobilize. Essa tem sido a demanda dos artistas e da sociedade civil e acreditamos que esse processo de negociação é extremamente legítimo”, afirmou. Ainda segundo Santiago, a intenção é prezar a relação de contrato que envolve os artistas selecionados, mesmo que estes optem por não retomar no início de 2014 as edições suspensas.
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