por Carol Prado
Foto: Rodrigo Aguiar / Bahia Notícias
Tradicionalmente acomodado no limbo da clandestinidade e nas últimas páginas dos classificados dos jornais, o ramo comercial de “acompanhantes” resolveu apostar, pelo menos em Salvador, no marketing explícito. Para isso, escolheu os veículos que fazem parte do transporte público da cidade. O resultado? Um anúncio no mínimo curioso da empresa “Garota de Elite” estampado na traseira de alguns ônibus da capital. A imagem, simplória, traz apenas uma frase elogiosa ao serviço oferecido, acompanhada de um endereço da web. Basta uma visita ao site, porém, para tomar um susto com uma série de fotos bem mais “ousadas”, que revelam o provável produto negociado: sexo. Parece estranho, mas a publicidade é totalmente regular, de acordo com o advogado criminalista Luiz Augusto Coutinho. O jurista explicou que não há crime na divulgação da peça, nem na prática da prostituição, mas sim na “exploração de mulheres em troca de dinheiro”. “A prostituição é uma profissão legítima, a mais antiga do mundo. Se a pessoa anuncia autonomamente e ganha com isso, não há problema. O ato criminoso é o intermédio pago da negociação, o que pode ser o caso da empresa”, informou. Segundo ele, não há regras que proíbam tais campanhas, nem mesmo em instrumentos de concessão pública – como outdoors e busdoors. “No caso da concessão, não há punição prevista. O que importa é saber se o grupo em questão agencia as mulheres em troca de lucro”, afirmou.
(Imagem: Reprodução)
Procurada pelo Bahia Notícias, Denise Soares, gerente da companhia Mídia Bus, que administra a difusão de propagandas nos ônibus soteropolitanos, admitiu que sabia qual era o real setor do anunciante, mas resolveu autorizar a veiculação da imagem por não ser “nada muito chocante”. “O cliente entrou em contato conosco e logo soubemos do que se tratava. Normalmente, temos certo critério para peças desse teor, mas deixamos passar porque não era muito forte”, justificou. Dono da Garota de Elite e pioneiro no tipo “inovador” de publicidade, o empresário Marcos Salles disse ao BN que a ideia surgiu após uma complexa pesquisa de mercado. “Percebi que o busdoor é muito mais bem visto pela sociedade, tem preço melhor e alcance maior em relação a outros tipos de divulgação”, definiu. Confrontado com o que diz a lei sobre o assunto, ele esclareceu que sua empresa não trabalha com agenciamentos, mas sim com um sistema regular de anúncios, através do qual cada garota compra um espaço de visibilidade e negocia diretamente com os clientes. “Cada anunciante expõe suas fotos, dados e telefones no nosso site e, a partir daí, tudo é feito pelo contato direto com ele”, descreveu.
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