por Valmar Hupsel Filho e Carla Araújo | Estadão Conteúdo
Foto: José Cruz/ Agência Brasil
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (24), após sair de comício em Santo André, na Grande São Paulo, que não recebeu convite para depor à Polícia Federal em um dos inquéritos complementares do mensalão. Ao ser questionado pela reportagem se iria prestar o depoimento, respondeu: "Quando eu for convidado, meu amor. Eu não recebi nada." Lula participou de dois comícios do candidato do PT ao governo paulista, Alexandre Padilha. À noite, o ex-presidente disse estar "tranquilo", mas viu conotação política na divulgação do caso. "Certamente, o objetivo de quem manda vocês fazerem a pergunta para mim é eleitoral. O que não é o comportamento da Polícia Federal", afirmou. "Quando você quer fazer uma investigação séria, você não se preocupa com o período eleitoral. Não tem data, não tem limite, não tem eleição. Eu estou tranquilo." A tentativa dos federais de ouvir Lula foi noticiada ontem. Há sete meses, policiais tentam ouvir o ex-presidente no inquérito que investiga a suspeita de repasses ilegais da Portugal Telecom ao PT. Lula ironizou a situação: "É a primeira vez que alguém é convidado pela imprensa." Havia previsão de que o depoimento ocorresse hoje em Brasília. Mas Lula não vai aparecer, segundo Paulo Okamotto, diretor do Instituto Lula. "Depois da eleição, talvez", afirmou. Como ex-presidente, o petista tem prerrogativa de negociar quando será ouvido pelos policiais. A investigação foi aberta a pedido do Ministério Público Federal com base em denúncia do operador do mensalão, Marcos Valério Fernandes de Souza. Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República em 2012, Valério acusou o petista de intermediar pagamento de R$ 7 milhões da telefônica ao PT. O objetivo seria pagar dívidas de campanha. O conteúdo do depoimento foi revelado pelo Estado em 11 de dezembro daquele ano. Lula não é alvo da investigação em andamento. A ideia da PF é ouvi-lo como testemunha. O ex-presidente é o principal cabo eleitoral de Dilma e Padilha. Nos últimos dois dias, Lula percorreu três cidades para pedir votos aos petistas. Ontem, foi a Mauá e Santo André; na terça, a Guarulhos. Todas são administradas pelo PT. A ideia é reforçar o voto petista no Estado em que Dilma tem alta rejeição e Padilha não decola nas pesquisas. Em Mauá, Lula disse que o povo "tem obrigação moral" de reeleger Dilma e que é "companheiro" de todos os candidatos. "Quem está falando aqui é um companheiro de Aécio e um companheiro de partido de Marina", afirmou. O ex-presidente disse que, à exceção do tucano e "daquele baixinho do aerotrem, todos foram do PT". Lula também contou ter sido abordado por um eleitor que disse que Marina o ama. O petista respondeu que também ama a ex-ministra, mas eleição não se resolve com amor. "Se fosse assim, eu escolhia a Marisa."
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