quarta-feira, 22 de abril de 2015

Jovem universitário negro foi preso suspeito de roubar o próprio carro “Fui preso, constrangido, humilhado, machucado porque sou negro”

Jovem universitário negro foi preso suspeito de roubar o próprio carro
“Fui preso, constrangido, humilhado, machucado porque sou negro”

 Pedro Henrique, preso "suspeito" de roubar o próprio carro.
O estudante da Faculdade de Políticas Públicas da UEMG, Pedro Henrique, publicou em seu facebook que ele foi abordado e preso por dois policiais do 22º batalhão da Polícia Militar ao tentar entrar em seu próprio carro.
Em seu depoimento, Pedro chegou ao local onde estava seu carro por volta das 19h, no dia 30 de março. No mesmo instante foi abordado pelos policiais, que fizeram a tradicional pergunta: “o que você está fazendo no carro?”.
Na tentativa de responder a pergunta, disse que era trabalhador, mas foi tratado agressivamente pela PM, que mandou o rapaz colocar as mãos na cabeça e, em seguida, foi algemado.
“Mão na cabeça, vagabundo, e cala tua boca”, os policiais falaram. O rapaz argumentou que conhecia seus direitos e que não poderia ser abordado desta maneira. Para o bom conhecedor da ação da Polícia Militar, essa é deixa da PM para aumentar a agressividade na abordagem, foi o que aconteceu.
A argumentação do estudante “foi o suficiente para que a truculência aumentasse. Com violência, me algemaram. Em minha volta, colegas, professores e vizinhos começaram a protestar. Senti medo, vergonha e indignação. As pessoas que me defendiam também eram ameaçadas e coagidas a não registrar o que estava ocorrendo. Me jogaram no carro”, disse.
Mesmo depois de constatada que a propriedade do veículo era de Pedro Henrique, ele foi levado para uma delegacia no bairro Coração Eucarístico, na região noroeste da cidade.
De vítima a autor, na delegacia Pedro Henrique foi acusado de desacato à autoridade, desobediência e resistência. Um sargento falou, ainda, que “você vai pagar umas cestas básicas para aprender o que é polícia”.
Em seu texto, publicado na internet, o estudante desabafou: “eu, como a maioria dos negros e negras deste País, sei muito bem o que é polícia. Fui preso, constrangido, humilhado, machucado porque sou negro. Porque, sendo negro, ousei ter um carro, dirigi-lo e me recusar a pedir desculpas por isso. Porque, sendo negro, me recusei a ser suspeito, a tomar um esculacho sem protestar”, afirmou.
A abordagem da polícia, que foi denunciada pelo estudante da UEMG, é a mesma utilizada pela PM em todos os estados. É uma abordagem com base na cor da pessoa aborda. Se for negro, não adianta argumentar, ser inocente, estudante e trabalhador, a truculência é garantida.

Fonte  :  Causa Operária Online

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