O Tradição Chapéu & Gravata tem levado todos os anos milhares de pessoas pelas ruas do Centro de Lauro de Freitas.
“São João passou por aqui?”. A pergunta e o chamado ainda hoje é anunciada nas portas das casas durante as festas juninas em muitas cidades nordestinas, que buscam preservar suas raízes e tradições, enfrentando modismos e a força dos grandes eventos que promovem o negócio de entretenimento, em arenas e praças públicas, onde os destaques são os cantores, que por muitas vezes cantam estilos diferentes como pagode, axé, funck e sertanejo, destoando com com o forró, o xote e outros estilos musicais que deveriam ter o reconhecimento e o espaço justo na celebração das festas juninas.
Voltando a pergunta, "São João passou por aqui?". Se a resposta for “sim”, a vizinhança entra para comer, tomar licor e, se for o caso, dança um forrozinho. A origem disso? “Em tudo aquilo que se liga à família, a gente pode ver uma conotação religiosa católica.
Em entrevista ao Correio da Bahia, o professor de Geografia Cultural da Uneb, Janio de Castro, disse que as pessoas também passaram a aproveitar as festas juninas para visitar os parentes que às vezes não tinham tempo pra ver o ano todo.
“Hoje diminuiu porque além da casa e da rua, tem a praça. Repare que ‘São João de casa em casa’ mudou o dia. É mais dia 24, porque dia 23 o pessoal está se arrumando em casa pra ir pra praça. No dia seguinte, já começa a ir nas casas. O São João foi reinventado em vários espaços”.
Em Lauro de Freitas não foi diferente, tendo registros dessas manifestações populares em diversas localidades como Centro, Itinga, Portão e Areia Branca, sendo que nesse último bairro o jargão era "Acorda João", e as músicas traziam forte influência do samba, sendo acompanhadas de pandeiro e outros instrumentos do estilo musical. Segundo Gildete Melo, professora e contadora de histórias, a tradição sobreviveu até o início da década de 90, perdendo força até o seu desaparecimento completo na região.
Os arrastões juninos TRADIÇÃO CHAPÉU E GRAVATA, ARRASTA JEGUE E CANGACEIROS DE IPITANGA, que percorrem algumas ruas do Centro de Lauro de Freitas, tentam resgatar essas manifestações populares, com uma roupagem mais atualizada para atrair todos os públicos e garantir a identidade cultural da cidade, sendo um diferencial de autenticidade do município, que vem atraindo milhares de pessoas para prestigiar as apresentações, entre moradores e visitantes.
O Tradição Chapéu e Gravata vem com suas roupas de tecidos quadriculados cada um usando sua criatividade nos modelos arrastado por uma charanga junina de 40 músicos; os Cangaceiros de Ipitanga invadem as ruas com suas indumentárias e acessórios, já o Arrasta Jegue vem com camisas estilo abadá com com um trio elétrico, todos arrastaram multidões.
Esperasse que a cada ano o investimento público-privado seja ampliado, e que o resgate do São João e de outras festas do calendário junino como a Trezena de Santo Antônio do Bankoma em Lauro de Freitas seja visto como uma oportunidade de empreendimentos para a cultura, comércio e turismo local, onde a arte de nossa gente seja de fato o objetivo e as grandes atrações.
Cangaceiros de Ipitanga
O Arrasta Jegue completa em 2015 14 anos de realização
Por Ricardo Vieira
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