segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Sem banheiros, rodoviários revelam fazer xixi em garrafas e até nas praias em Salvador


Na hora do aperto, todo mundo dá um jeito. É com esse pensamento que alguns rodoviários de Salvador encontram "alternativas" para satisfazer suas necessidades na falta de banheiros. Garrafas e copos plásticos, lanchonetes, bares, postos de combustível, postes de iluminação e até mesmo as praias são as saídas apontadas por eles. "Já teve um caso de um motorista que passou mal, parou o carro e foi correndo até a praia para fazer suas necessidades. Foi o caso mais absurdo que vi. É constrangedor, mas, às vezes, a necessidade fala mais alto", afirma o motorista de ônibus coletivo Luciano Gomes. Na manhã desta segunda-feira (4), rodoviários da capital baiana que trafegam pela região da Praça da Sé realizaram uma manifestação contra a falta de banheiros para a categoria. Segundo eles, no local só há dois sanitários químicos, que são usados por toda a população e acabam ficando sujos. "Eu saio de Villas [do Atlântico] 8h15 e chego 10h20. Fico 15 minutos e volto. Imagine ficar todo esse tempo sem usar o sanitário. O problema do sanitário químico é que ele é usado por todo mundo. Às vezes você senta e está quebrado. Eu mesmo uso uma garrafa para fazer minhas necessidades. Vou até o fundo do carro e faço. É degradante", lamenta Gomes.Motoristas e cobradores contam que recorrem a bares, restaurantes e postos de combustível, mesmo que os estabelecimentos cobrem pelo uso do sanitário. "Tem que se segurar, mas às vezes não tem jeito. Uma vez eu estava dirigindo e tive que parar para ir no posto de gasolina. Os passageiros ficaram com raiva, mas eu não tinha o que fazer", conta o motorista Nilton Amado, que trabalha em Salvador há seis anos.
Há também quem prefira se "segurar". "Eu não uso sanitário químico, nenhuma mulher usa. Prefiro me segurar. Às vezes fico todo meu plantão sem ir ao banheiro. Mas isso também me prejudica porque eu já tive três infecções urinárias", relata a cobradora Abigail Pinto.
Ela afirma que as dificuldades não se limitam à Praça da Sé. Segundo ela, os rodoviários encontram poucos banheiros em finais de linha. Muitos em ruim estado de conservação. "Isso acontece sempre. Eu já trabalhei com um motorista que tinha muita dor de barriga. Uma vez ele parou o ônibus, foi no mato e fez", acrescenta.
Mesmo proibido, fazer xixi na rua acaba sendo outra saída encontrada pelos rodoviários. "É uma cidade muito quente e as pessoas bebem muito líquido. Já vi pai da família passando, mãe de família e você fazendo na rua, na parede. Isso é constrangedor, humilhante. Já vi colegas meus fazendo em caixa de lixo", afirma o cobrador Joilson Santos.
A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) informou que os sanitários químicos da Praça da Sé foram retirados para manutenção e recolocados na região na quinta-feira (31). Segundo o órgão, os locais passam por manutenção três vezes ao dia. Em relação à cidade, a prefeitura ainda não informou sobre a quantidade e a disposição de banheiros públicos até a publicação desta reportagem.

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