quarta-feira, 26 de março de 2014

O PRIMEIRO CIRCO QUE VEIO A SANTO AMARO DE IPITANGA - LAURO DE FREITAS - OS PIROPEUS





Antigamente aqui em Santo Amaro, nunca tinha vindo um Circo. O primeiro circo a estrear nessas paragens foi o do Sr. Piropeu  - sobre nome deles. Ele, sua mulher Maria e seus filhos, chegaram aqui em 1920. Chiquinha minha avó era uma menina de treze anos. Filhos de Piropeu e Maria; Zinha, Guiomar,Nenê, Rodão, Louro - fogareiro e Iraildes. O casal e seus filhos eram negros. Vieram prá aqui, onde foram muitos aplaudidos e tornaram-se grandes simpatias dos santamarenses. Com o passar do tempo Piropeu e sua familia viajaram a armar o circo em lugares do interior baiano. Aquela coisa nômades que os ciganos e o pessoal de circo trazem consigo.Os Piropeus passaram bons tempos por lá. Mas um dia, Zinha de Piropeu que era a mais velha dos irmãos, voltou para Santo Amaro, com todos os seus irmãos. Piropeu e Maria não vieram e ficaram lá.
  Zinha  deu continuidade as apresentações Circenses. Um dia, em um número perigoso apresentado com arma no circo, Nenê Piropeu foi tragicamente atingida, morrendo no palco. Assim o circo terminou. Depois que o circo terminou, Zinha e seus irmãos continuaram morando aqui. Estes eram humildes, mas finos em educação, tinham um agrado especial ao falar com as pessoas, falavam demonstrando acochego de velha amizade, falavam tocando as pessoas; abraçando, passando a mão na cabeça, demostrando sinceridade. era assim que falavam com minha avó Chiquinha. Zinha de Piropeu era baixinha, magra, lábios finos, feição miúda, mas muito bonitinha. Zinha naquele tempo já andava aqui de sapatos altos de todos os tons; vermelho, verde,branco, etc.  Zinha usava sapatos combinando com argolas e colares, saias com franzidos, vestidos estampados, com decotes, sem gola, etc. batons e rouge. Zinha era brincalhona sempre estava indo a casa de minha avó Chiquinha, e os irmãos dela também. Louro Piropeu era muito amigo de tio Valter, Iraildes, muito amiga de tia Tonha. Quando Zinha saia a passear era com batom, rouge no rosto e talco no pescoço, se entalcava toda. De viagem a Salvador, onde sempre ia passar dias, ela dava uma passada na casa de minha avó;  entrava com uma sacola nas mãos, sapateava se requebrando de mãos nas cadeiras. Todos davam risadas, Zinha também, e dizia prá minha avó; ô minha nêga! isso é para levar a vida! Esta já estava idosa, foi-se embora daqui para o Rio de Janeiro.


LIVRO
JERÔNIMO GOMBÉ E SANTO AMARO DE IPITANGA
TERESINHA DA GLÓRIA OLIVEIRA MAGALHÃES

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