sábado, 2 de novembro de 2013

‘Perder a virilidade é ainda maior problema’, diz oncologista sobre temor ao exame de próstata

por Francis Juliano
‘Perder a virilidade é ainda maior problema’, diz oncologista sobre temor ao exame de próstata
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Homem que é homem faz exame de próstata. Essa sentença poderia ser rebatida por algum baiano resistente: “Aonde!”. Pois é, aí é que mora o perigo, a ignorância e, pior, o tumor. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de próstata é o segundo mais mortífero entre o público masculino brasileiro, atrás apenas do de pele. Dados do Ministério da Saúde (MS) apontam mais de 50 mil casos novos por ano no país, com mais de 12 mil mortes no período. No mundo, a neoplasia é a sexta mais comum e a mais prevalente em homens, e representa 10% do total de cânceres espalhados internacionalmente. Para tentar frear esses índices, o Novembro Azul, evento internacional em defesa da saúde do homem, será permeado de ações para informar a necessidade do diagnóstico precoce do câncer de próstata, responsável pela redução em até 80% dos riscos da doença. Segundo especialistas, o maior inimigo do homem é a ideia que ele tem dele mesmo. “O preconceito em perder a virilidade ainda é o maior problema”, diz o oncologista baiano Alberto Nogueira, do Instituto de Hematologia e Oncologia da Bahia (Ihoba). Caso o tumor de próstata seja descoberto depois de algum tempo, as chances são reduzidas a zero e o temor da perda da virilidade fica mais radical. “Se o homem não fizer o tratamento preventivo aí é que pode ter essa preocupação aumentada. Quando o câncer de próstata estiver avançado o tratamento indicado é a castração”, explicou o médico. O perigo da descoberta tardia é que o tumor pode se expandir para órgãos vizinhos como reto, bexiga e vesículas seminais. 
 

Foto: Divulgação

Dificuldade de urinar, frequência urinária alterada, ou diminuição do jato da urina são sintomas do tumor. O diagnóstico precoce pode ser feito através de exames de sangue, como o teste do PSA (sigla em inglês para antígeno prostático específico). A idade recomendada para adotar o procedimento anualmente é a partir dos 45 anos, porém casos na família podem exigir o controle antes de se completar 40 anos. De acordo com Nogueira, o procedimento pode ser feito tanto em clínicas como postos de saúde. “Basta ter um médico, uma luva e xilocaína [anestésico]”, relatou.  Os fatores de risco da doença incluem, além de idade avançada (acima de 50 anos), histórico familiar, fatores hormonais e ambientais, e hábitos alimentares, como alimentação gordurosa; além de sedentarismo e excesso de peso. Outro problema alertado pelo médico é o câncer de pênis. Apesar de ser menos incidente que o de próstata, ocorre com mais frequencia no Nordeste. Nogueira diz que o procedimento para evitar a neoplasia é simples, como uso de água e sabão. “Basta puxar a pele e lavar internamente o órgão”, orienta. A inspiração para o Novembro Azul surgiu na Austrália, em 2003, dentro das comemorações do Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, realizado dia 17 de novembro. Dali em diante o que o evento tem mais pedido aos homens é saúde, mas, principalmente, coragem.

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