Nos rascunhos do infinito
Regozijo-me na luz da minha alma ancestral
Pura força que acalenta os meus sonhos e me faz progredir..
Poesia Mística que cura minhas dores
Mistério do universo que incendeia minha alma com pétalas de esperança!
Tássio Revelat
Pura força que acalenta os meus sonhos e me faz progredir..
Poesia Mística que cura minhas dores
Mistério do universo que incendeia minha alma com pétalas de esperança!
Tássio Revelat
A formação da sociedade ipitanguense foi marcada pelas contribuições culturais dos Tupinambás, os primeiros habitantes dessa região. Os costumes, a língua, a religiosidade e a culinária desses nativos influenciaram o nosso modo de ser, a nossa visão de mundo. Se hoje somos um povo celebrativo, alegre, musical, que tem uma relação mais próxima com a natureza, que gosta de dormir em rede, comer frutos e raízes da terra ou que já atravessou um rio de canoa ou jangada, é porque herdamos os valores dos Tupinambás. Se o nome antigo de Lauro de Freitas, (Ipitanga, que vem do tupi: “água vermelha”), e a maior parte do nome dos nossos bairros (Caji, Picuaia, Itinga, etc) nos remete a essa ancestralidade, é porque a própria história do nosso município se confunde com a história desses povos inaugurais, que resistiram bravamente ao processo de colonização orquestrado pelo projeto civilizatório de Garcia D’Ávila. Porém, o que poucos sabem, é que a tradição indígena continua povoando o cenário cultural da nossa amada cidade. Na região do Quingoma, onde observamos aspectos exuberantes da Mata Atlântica, existe a Reserva Thafene na qual vivem índios kariri-xoco/ Fulnio.
Esses índios há mais de duas décadas desenvolvem rituais ancestrais que nos levam a cura e ao autoconhecimento, como o ritual da danças das onças e o circulo do fogo sagrado. Eles praticam também a dança, a pintura corporal, a produção do artesanato e fazem de tudo para preservar a língua, considerada por eles como um fator de unidade e resistência. É importante salientar que a Reserva Thafene (semente viva) é uma Universidade Aberta por meio da qual se produz um saber milenar, já que passam por ela índios de várias etnias, tais como: Pataxos, Tupinambá, Kiriri, etc e grupos espiritualistas.
O Wakay, líder da reserva, é um profundo conhecedor dos saberes ancestrais, além de músico e terapeuta holístico. É interessante constatar que Garrincha, um dos maiores jogadores de todos os tempos, era Fulni-ô, como o Wakay. Portanto, temos em nossa cidade índios dessa etnia, originários de Alagoas e Pernambuco.
Os nativos vivem da venda de artesanatos, doações e do trabalho que é desenvolvido nas escolas e na própria Reserva.
Mais no âmbito das políticas públicas, o que determina o Plano Nacional Educação em relação à educação para os povos indígenas? ( Faço esse questionamento, pois a Gestão atual demonstrou receptividade quanto a ideia de ser construir uma escola ou centro sócio-cultural na Reserva ) Segundo o PME, A educação escolar indígena deverá ser implementada levando em consideração as especificidades socioculturais e lingüísticas de cada comunidade, promovendo a consulta prévia e informada a essas comunidades. Portanto, segue abaixo os nossos principais desafios:
- Capacitar professores, preferencialmente indígenas, para atuar na comunidade, bem como criar matérias didáticos baseados na tradição indígena, considerando a língua materna.
- Apoiar a alfabetização de crianças indígenas e desenvolver instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da língua materna pelas comunidades indígenas / Respeitar a opção dos povos indígenas quanto à oferta de educação infantil
- Fomentar a expansão das matrículas de ensino médio integrado à educação profissional, observando-se as peculiaridades dos povos indígenas
- Fortalecer e ampliar ações ligadas à lei 11.645, provendo uma interface com a educação ambiental.
- Favorecer o acesso dos professores indígenas a cursos de mestrado e doutorado
Enquanto essas políticas públicas não se concretizam, os professores precisam estimular ações que possam fomentar o estudo das tradições indígenas. Uma possibilidade é levar os alunos para conhecerem a Reserva e o seu universo simbólico ou organizar um seminário para que os discentes possam pesquisar e apresentar informações acerca da situação atual das tribos indígenas da Bahia, principalmente a partir das seguintes problemáticas: Quem são? Onde Estão? Quais os seus costumes? Seus meios de sobrevivência? Principais problemas do futuro e o que a tribo tem feito para superá-los? Portanto, somente por meio de um profundo mergulho nas culturas indígenas é que poderemos reisignificar a nossa memória/identidade e desconstruir alguns preconceitos que ainda reinam no ambiente escolar, tais como: “o índio inocente”, “ O índio que vive nu”, “ o índio que não tem cultura”, etc.
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