sábado, 23 de maio de 2015

Com voto distrital, Salvador reelegeria apenas 7 deputados federais dos 21

A adoção do sistema distrital de votação para o Legislativo, uma das propostas em análise no debate da reforma política no Congresso Nacional, reduziria a participação de representantes da capital baiana na Câmara Federal. Dos 39 deputados da bancada baiana eleitos no ano passado, 21 têm domicílio eleitoral em Salvador.
Uma simulação de pesquisadores do Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Rio (Uni-Rio) aponta que não só Salvador, mas quase todas as capitais perderiam força para eleger deputados federais se o sistema distrital puro fosse adotado. A divisão em distritos limitaria o número de vagas das capitais a 25% da Câmara, o que indica que a disputa nas capitais seria mais acirrada, levando candidatos a mudar de estratégia ou até de domicílio eleitoral.
No estudo, os professores Felipe Borba e Steven Ross cruzaram o total de eleitores dos estados e o domicílio eleitoral dos parlamentares eleitos em 2014. Com a divisão do estado em distritos na proporção de sua bancada, apenas sete deputados, no máximo, teriam chances de ser eleitos na capital baiana. Na Bahia, os distritos serão formados a cada somatória de 261 mil eleitores.
“Na média, as capitais possuem número de deputados superior ao tamanho de suas populações. O Rio de Janeiro concentra 40% do seu eleitorado na capital, mas 54% dos seus deputados são da capital. No sistema distrital, aqueles que já têm força eleitoral na capital tendem a permanecer, reforçando sua campanha local. Mas os que têm votos mais espalhados terão que decidir em que distrito vão concorrer. Isso não é simples porque eles precisarão criar novas bases locais, conquistar novos eleitores”, defendeu Borba, em entrevista ao jornal O Globo. A Bahia tem 10,1 milhões de eleitores. Em Salvador é 1,9 milhão de votantes, o que representa apenas 18% do eleitorado baiano, mas a capital baiana também concentra 54% dos seus deputados.
Um exemplo é o do deputado federal mais votado no pleito do ano passado. Lúcio Vieira Lima (PMDB) teria dificuldade de se reeleger se mantivesse seu domicilio em Salvador. No ano passado, o peemedebista levou míseros 6,6 mil votos dos soteropolitanos, dos 222 mil que teve em toda a Bahia. Na outra ponta, quem teria vantagem em permanecer com o atual domicílio eleitoral é o ex-prefeito Antonio Imbassahy (PSDB). Dos 120 mil votos obtidos ano passado em todo o estado, 87 mil vieram apenas da capital baiana. 

RELAÇÃO DOS 21 DEPUTADOS FEDERAIS ELEITOS COM DOMICÍLIO ELEITORAL EM SALVADOR
DEPUTADO FEDERAL PARTIDOVOTOS EM 2014DOMICÍLIO ELEITORAL
LUCIO VIEIRA LIMAPMDB222.164SALVADOR
IRMÃO LÁZAROPSC161.438SALVADOR
ANTONIO BRITOPTB159.840SALVADOR
DANIEL ALMEIDAPC do B135.382SALVADOR
FELIX MENDONÇA JUNIORPDT130.583SALVADOR
JORGE SOLLAPT125.159SALVADOR
ANTONIO IMBASSAHY PSDB120.479SALVADOR
MÁRCIO MARINHOPRB117.470SALVADOR
TIA ERONPRB116.912SALVADOR
JOÃO CARLOS BACELAR PR111.643SALVADOR
NELSON PELLEGRINOPT111.252SALVADOR
JUTAHY MAGALHÃES JUNIORPSDB108.476SALVADOR
JOSÉ CARLOS ALELUIADEM101.924SALVADOR
JOAO CARLOS BACELAR PTN95.158SALVADOR
SERGIO BRITOPSD83.658SALVADOR
AFONSO FLORENCEPT82.661SALVADOR
PAULO MAGALHÃESPSD77.045SALVADOR
ERIVELTON SANTANAPSC74.836SALVADOR
ALICE  PORTUGALPC do B72.682SALVADOR
JOSÉ CARLOS ARAUJOPSD72.013SALVADOR
BENITO DA GAMAPTB71.372SALVADOR
Nota originalmente postada dia 22

Por David Mendes (Twitter: @__davidmendes) | Fotos: Agência Câmara

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