segunda-feira, 10 de julho de 2017

Aparelho que assume funções do pâncreas chega ao Brasil

O número de brasileiros diagnosticados com diabetes cresceu 61,8% nos últimos 10 anos, de acordo com dados recentes do  Ministério da Saúde. Significa que 8,9% da população sofre da doença — eram  5,5%  em 2006. Ao todo, estima-se que há mais de 14 milhões de homens e mulheres vivendo com diabetes e, a cada ano, surgem 60 mil novos casos no país.   Assegurar que os níveis de glicose no sangue estejam sempre adequados é um desafio para a maioria desses pacientes. A  hipoglicemia (queda drástica destas taxas de açúcar no sangue), por exemplo, pode levar à perda de consciência, convulsões e, em casos mais graves, ao óbito. A boa notícia é que agora eles poderão contar com uma novidade: a primeira bomba de infusão de insulina (equipamento computadorizado e portátil), com liberação contínua do hormônio em pacientes diabéticos que, pela primeira vez, é capaz de suspender o hormônio antes do episódio de hipoglicemia– evitando, assim, até 75% destes casos.  “Qualquer paciente com diabetes tipo 1 pode vivenciar, a cada ano, de 30 a 50 episódios de hipoglicemia. Antes de chegar nesta situação, o sistema desliga e evita que ele corra este risco. É inovador”, aponta Denise Franco, endocrinologista e diretora coordenadora do departamento de educação da Associação Diabetes Brasil (ADJ). De tamanho de um celular, o aparelho é o primeiro no país a, automaticamente, suspender a infusão de insulina quando prevê uma crise de hipoglicemia e a reiniciar a administração do hormônio quando a taxa de glicose volta a atingir um nível seguro.  “Sem dúvida é um passo à frente para um dia chegarmos no caminho do pâncreas artificial”, observa Freddy Eliaschewitz, endocrinologista. Já existem bombas de insulina no Brasil. Essa, no entanto, é a primeira de circuito fechado, ou seja: o glicosímetro (que mede o nível de glicose, ou açúcar no sangue) e a bomba de insulina (que libera a insulina na corrente sanguínea) estão no mesmo sistema e se “comunicam”. O glicosímetro avisa a bomba de insulina o quanto de insulina o corpo está precisando, ou se é necessário interromper a entrega da mesma, evitando o episódio de hipoglicemia (queda de açúcar no sangue), que pode causar desmaios, coma e até levar a óbito.
Dispositivo:  Fabricado pela irlandesa Medtronic, a bomba MiniMed 640G libera insulina através de um pequeno tubo e uma cânula (conhecidos como conjunto de infusão), colocada sob a pele do paciente. Com uma espécie de dispositivo inovador, o sistema imita a forma como um pâncreas saudável fornece insulina ao corpo.  Com base nos valores de glicose enviados pelo sensor a cada cinco minutos,durant 24 horas por dia, a tecnologia SmartGuard do sistema MiniMed640 consegue prever, com 30 minutos de antecedência, quando o nível de glicose do paciente estará próximo do limite mínimo e, assim, interrompe automaticamente a administração de insulina.  Totalmente personalizável, o novo dispositivo possibilita ao paciente configurar múltiplos limites ao longo do dia, de acordo com suas necessidades individuais, proporcionando conforto e mais proteção contra a hipoglicemia. Quando o nível de glicose no sangue diminui ou aumenta fora dos parâmetros, um alarme de advertência é ativado.  “Nós desenvolvemos esse sistema baseado em quantidades de pesquisa e feedback da comunidade global de diabetes, que está buscando tecnologias mais simples e convenientes, que ajudem a alcançar melhor controle da glicose e a obter mais liberdade”, diz Alejandro Galindo, vice-presidente e gerente geral do negócio de Gerenciamento Intensivo de Insulina da fabricante.  Pessoas de todas as idades com diabetes de tipo 1 ou tipo 2 podem usar a bomba de infusão de insulina. No entanto, um médico deve aconselhar sobre o melhor tratamento para cada paciente.  O Brasil é o terceiro país da América Latina, além do México e Colômbia, a disponibilizar a tecnologia.

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